quinta-feira, 1 de julho de 2010

Cachorro velho


Ainda sinto seu cheiro amigo
Seu odor comum de cão velho
Que sem que notasse longos anos passou
Sem que notasse sem que quisesse o tempo expirou
Egoísta de tudo que tenho
Egoísta de meu tempo e porque não seu
De tudo que chamo de meu
De quase tudo que penso que desdenho
Seu latido já rouco me passa despercebido
Assim como o tempo que tenho vivido
Tudo que tenho passado e que também já tenho perdido
Mas onde pensas que vai velho amigo?
Se livrar de broncas e chineladas
De meus choros compulsivos
De estar comigo quando ninguém assim o quis
Não serás assim, pois isto não está em mim
Como se pronto eu ainda não estivesse
Como se querer lamentar o tempo que não te dei
A querer agora viver por velho e senil te ver
Esqueci que nem sempre ali estarias
E mesmo que boa vontade houvesse
Nada agora mudaria, sua silenciosa partida
Em noite fria que dormi aquecido
Sem saber se em seu partir houve sequer um gemido
Agora acordo e te vejo frio
Prelúdio da lágrima de um caudejar que não terei
Pois assim em vida seguirei sem ti velho amigo
Sempre lembrado e nunca por mim esquecido.


By: Cyssa S.

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